segunda-feira, 14 de maio de 2012

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fade In

A 3ª eliminatória do 3º Festival de Bandas do Rock Café Coimbra é já esta quinta feira dia 28 de Abril de 2011.



Os Choque em Cadeia de Lisboa, os Fade In do Porto e os Modo Mudo de Aveiro são as bandas desta eliminatória.



Localização:
Parque Verde do Mondego - 21 horas

http://maps.google.pt/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-PT&t=h&msa=0&msid=200892580680081124833.00046d2e6d0012094ac4e&source=embed&ll=40.204313%2C-8.426085&spn=0.014028%2C0.041842&z=15&iwloc=00046d2e7098b96caa463

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Concerto Fade In




E cá estou eu a querer dar-vos...música!
Desta vez com a minha banda Rock.

Apareçam e divulguem!



Carpe Diem

Teresa Hespanha

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Apresentação do livro "Reflexos", feita por Isaura D'Afonseca, no Auditório da Universidade Sénior de Gondomar, em 6 de Junho

ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU


"Além da Terra, Além do céu
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
Vamos conjugar
o verbo fundamental, essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo, e da moeda e da política,
o verbo sempreamar
o verbo pluriamar,
razão de ser e viver."

Carlos Drummond de Andrade

Hoje, vou contar-vos uma história. A história de um livro. Um livro feito de Terra, de Água, de Ar e de Fogo!
Era uma vez uma menina como tantas. Brincava no mundo dos homens grandes, como todas as outras crianças. Sorria, chorava, sofria, acreditava, sonhava e, como todas as crianças, era curiosa e sedenta do saber, querendo tudo compreender. Porém, as respostas dadas pelos adultos – muitas vezes sem tempo, apenas para a despachar – não bastavam e a menina foi crescendo insatisfeita.
Fez-se mulher e adormeceu, bem fundo em si, a menina, cobrindo-a com o manto da responsabilidade, do dever e do socialmente adequado. No entanto, a mulher-que-escondia-a-menina não a esqueceu. Só às vezes, facto que lhe trazia, depois, muita tristeza e dor. Por isso, a mulher, um dia, num acto arrojado, acordou definitivamente a menina e decidiram brincar às escondidas com as palavras no branco solitário do papel.
Queria conhecer a sua verdadeira natureza. Queria saber as causas da sua permanente insatisfação. Queria compreender o sofrimento, a injustiça, o conformismo, o politicamente correcto, as falsas-certezas que reinavam, então, (como sempre reinaram) entre os homens.
Sabia que estava no mundo, no planeta Terra e que, de algum modo, também partilhava da sua essência, a qual, como todos sabemos, desde os primórdios da ciência é constituída por quatro elementos. Porém, destes a mulher-menina só via, em si e nos outros, a Terra, a matéria, apesar de lhe terem dito na escola que o seu corpo físico era constituído por cerca 70% de Água. Mas, nós só sabemos efectivamente o que o coração aprende e o coração da mulher-que-tinha-adormecido-a-menina desconhecia a fonte que brotava em si. Só quando a acordou e brincou com ela na brancura do papel é que descobriu a água adormecida. À medida que as palavras se desenhavam, uma estranha metamorfose se operou. O papel transformou-se em lago, porque as palavras feitas poesia também são, como nós, constituídas por Água, pela água das lágrimas de alegria e de dor que não vertemos. Então, a mulher-menina sorriu e ficou mais feliz, pois encontrou o segundo elemento da sua natureza – Água! E pôde assim escrever versos, dispersos em várias páginas, como estes:


É certo que essa descoberta não foi isenta de sofrimento, pois, como todos sabemos, a água e a terra nem sempre se relacionaram de forma harmoniosa. E, depois, havia outra viagem a fazer, viagem essa que, à semelhança da anterior, só poderia ser feita no seu interior, pois era lá que tinha nascido a água poética, também só lá poderia descobrir o Ar e o Fogo! E, como é do conhecimento do senso comum, quando se é Água, cedo se sonha em ser Ar (por isso, é que ela evapora)! Nada de novo, portanto! Desde que o Homem é Homem que o desejo do voo o persegue e o que a mulher-menina ia descobrindo no “lago de alfazema” da poesia já outros, antes, o tinham descoberto.
Como, por exemplo, é o caso de um homem-menino, lá das Áfricas, de Angola, de seu nome José Eduardo Agualusa, que, baseado numa lenda antiga, fala-nos de como Deus (que é Doutor Honoris Causa, por excelência) ensinou anjos a voar sem asas e de como, de quatro experiências que tivera, só uma tinha realmente resultado. Porque o anjo tinha voado com as asas que imaginou dentro de si e confiou.
Portanto, a mulher-menina estava no bom caminho. Em breve iria voar, conquistando o Ar. E escreveu, agitando o lago da poesia com o sopro das palavras:



E foi nestas palavras, “asas”, “liberdade”, “firmamento” e “céu” que ela (re)descobriu o Ar, que ela descobriu que as regras, as normas que nos acorrentam apenas sujeitam o “eu” social que em nós é. Que, em nós, há outros “eus” feitos de outras palavras. Confirmou que cada ser é único, mesmo partilhando da mesma essência dos outros, numa união, numa unidade sempre constantes, que só podem ser percebidas muito além da consciência colectiva. E a mulher-menina compreendeu que a grande mestra, no Laboratório da Vida, era a experiência, em que cada um de nós é simultaneamente objecto e sujeito. E foi escrevendo aqui e ali:



Depois desta redescoberta do seu “eu” individual, a mulher-menina pressentiu que, como diz o povo, a procissão ainda agora ia no adro e que muitas viagens teriam de ser feitas nesta e noutras vidas, porque o Ar lhe ensinou que o que vemos, o que sentimos – como já Platão o dissera por outras palavras, como já outros poetas o cantaram com outras metáforas – é apenas reflexo de uma realidade superior e infinitamente maior, também ela, no livro, reflectida, fisicamente, na palavra Universo.
Assim, o seu “ser” individual abriu a porta ao seu “ser” espiritual e, de mãos dadas, um e outro, sem rotas, nem destinos previamente definidos – por isso é que nenhum poema deste livro tem título, por isso os versos são soltos, de ritmos diferentes e a rima surge esporadicamente – procuraram o Fogo, a energia vital, o criador, enfim o ser essencial ou como a mulher-menina o baptizou “O Ser Intemporal”. E de novo ela escreveu em várias páginas:








E a mulher-menina fez-se guerreira e sentiu, dentro de si, o Fogo, a Energia Vital, a Palavra Primeira, a união com o imensamente superior e um percurso genesíaco, genésico impôs-se e fecundou várias páginas do “lago de alfazema” que é este livro:









E, assim, chegou ao fim da primeira grande viagem, a sós, dentro de si, num diálogo permanente com os seus diferentes eus, os seus diferentes seres, que ia (re)descobrindo, (re)conhecendo e (re)construindo. E, porque a menina-que-libertou-a-mulher-em-si sabia que não devemos guardar, em nós, a beleza e a verdade (nem que seja apenas a nossa) e porque o poeta é elo fundamental entre os homens, deu a(s) sua(s) viagem(s) a ler a um homem-menino, de seu nome Henrique Monteiro, que a compreendeu e se emocionou com o que ele chamou “o eterno murmúrio das águas plenas do azul da escrita poética (…) com o desejo ancestral de parar os relógios do tempo (…) com o Reflexo da alma onde só as pedras geram sol”.
E assim se fez um livro, espelho de viagens interiores da mulher-menina, Teresa Hespanha, que só poderia ter um título: Reflexos – Reflexos enquanto imagens que ondulam na superfície inquieta do lago que é a poesia, mas também reflexos inatos, instintivos, aprendidos muito antes de o Homem ser Homem.
Desse livro, deixo-vos com o primeiro e último poemas.


--------------------------------

"A experiência
Não a lógica
É a chave
que rege a vida"

--------------------------------

"Quebra as muralhas do tempo
enlaça o teu corpo
num beijo imortal


a conselheira na tua eterna viagem

Abre a janela
perpetua a glória esquecida
nos fragmentos da memória"

Apresentação do Livro "Reflexos" feita por Henrique Monteiro, no Café Progresso - Porto, em 19.06.2009


Começo por saudar a Teresa Hespanha porque, citando-a, “escolheu o tom/afinou a escrita” e é a razão deste nosso encontro.
Saúdo “ O LUGAR DA PALAVRA EDITORA” que é o mesmo que saudar o João Carlos pelo esforço meritório que, penso, não tem sido reconhecido como merece, pela alegria que tem dado a tantos poetas/escritores de verem publicadas as suas obras.
Saúdo todos os presentes, porque, como escreve a poetisa vão, “Respirar o silêncio/numa infindável quietude”
Não é fácil para quem, após ter feito uma pequena nota introdutória, apresentar o livro. Corre o risco de se repetir. É um risco assumido: escrever é expor-se. Aceitei o desafio.

Minha cara Teresa, penso que os seus REFLEXOS são, efectivamente, uma obra de cariz introspectivo se quiser, de confissão pública da própria essência.
É a Teresa quem o diz, quando escreve “Quem sou eu?”
E, ao longo do livro, vai desnudando o que lhe vai na alma, no coração, no sentimento, na nostalgia do tempo, no círculo incandescente de apagar a memória do futuro que, não tem, forçosamente que suceder ao presente.
Por isso escreve: “Faço parar o relógio para quê tanta pressa?”
“Quem sou eu?” – escreve.
Posso – longe de mim secretas ânsias de oráculo, psicólogo, confessor, confidente, ombro amigo - tentar uma resposta, dando a mão às suas próprias respostas?
Tentemos o espiritual exercício:
1) Será música, será música a sua poesia?
“Som suave omnipresente
corre a brisa leve entre a música
criativa das esferas”


2) Será um edifício em construção, eternamente inacabado?
“Poesia cinzela
o escultor
incute-lhe a consciência
do belo”

3) Será uma arquitectura de palavras, em busca da palavra escondida?
“Estruturo a paisagem
no alto de uma montanha
creio nos sentimentos
que dela advém”

4) Serão os seus REFLEXOS uma pintura? O tal “sfumato” de que falei?
“No meu quarto pinto o céu em tons de azul
Guardo a tela nas estrelas de um olhar”
(azul – a cor dos poetas)

5) Serão os seus versos, a eterna busca do saber, o tal mito dos filósofos – os eternamente rotulados de amigos da sabedoria?
“Sê o professor
Filósofo de ti mesmo
Incita a tua busca
Na razão da vida”

6) Terá a sua poesia uma fórmula mágica, um composto de ser e não ser, estranho tubo de ensaio onde se funde o coração?
“o físico na metafísica
a química na fórmula da génese
onde foste elaborada”

7) Andarão envoltos em algas, perfumadas de cheiros distantes, os seus poemas?
“Mentes inquietas
navegam à deriva
num barco sem rumo”

8) Serão os seus REFLEXOS o espelho das mais longínquas memórias, da luz inocente em que nascemos?
“Guardo as asas de um anjo
dentro da minha morada”


9) Porque não uma bailarina, onde verso a verso, golpe a golpe as ânsias mais secretas acariciam o ritmo certo?
“Bailas
a valsa na vida
de cada um de nós
numa perpétua conquista”
Quem sou eu? Não sei.
Mas, desculpe, é alguém que não deve escrever
“E se eu te disser
que te amo
fará qualquer diferença?”

Sabe, porquê? Porque se contradiz – o que só está ao alcance dos poetas – na esperança duma gota de água que seja.
E vou citá-la, no que, pessoalmente, penso que é o mais belo verso do seu livro:
“Ressuscito
num grito apático
sem entoação ou outra forma de ilusão
onde um pássaro bebe a sua
última gota de água
e levanta voo”

A última gota, o último verso, o voo perene dos animais – os mais puros seres da criação – rumo as nascentes da palavra in(certa).
Amen!